Boi Garantido é o campeão do 58º Festival Folclórico de Parintins

MANAUS — O Boi Garantido é o campeão do 58º Festival Folclórico de Parintins (a 369 quilômetros de Manaus), conquistando seu 33º título. O resultado foi anunciado na tarde desta segunda-feira (30), em uma apuração marcada pela saída da diretoria do Caprichoso, em protesto contra as notas atribuídas ao boi azul e branco. O boi vermelho e branco somou 1.259 pontos, contra 1.257,7 do Caprichoso.
O presidente do Caprichoso, Rossy Amoedo, classificou as notas como “uma pouca vergonha” e afirmou que a agremiação havia solicitado a impugnação de jurados responsáveis por avaliações que considerou injustas. “É ridículo seguir com essa apuração”, declarou antes de deixar o local acompanhado pela diretoria.
A apuração foi conduzida pelo presidente da Comissão Julgadora, João Francisco Kleba Lisboa, que pediu respeito e esclareceu que apenas presidia o processo, sem influência nas notas, atribuídas por nove jurados aos 21 itens em julgamento.
Neste ano, o Boi Caprichoso levou à arena o tema “É Tempo de Retomada”, enquanto o Boi Garantido apresentou o tema “Boi do Povo, Boi do Povão”.
Na primeira noite (27), o boi encarnado destacou a pluralidade do povo da floresta, com destaque para a Lenda Amazônica “Tapyra’yawara” (Item 17) e o Ritual Indígena “Moyngo, a Iniciação Maragareum”, que encerrou a noite.
O boi azulado, por sua vez, encerrou a primeira noite com o tema “Amyipaguana: Retomada pelas Lutas”, valorizando a resistência indígena, os saberes tradicionais e homenageando mulheres da Amazônia com encenações marcantes.
No sábado (28), o Caprichoso abriu a segunda noite com o espetáculo “Kizomba: Retomada pela Tradição”, exaltando a cultura negra, as lendas amazônicas e os rituais indígenas. A apresentação reforçou a importância da memória e da representatividade dos povos tradicionais.
O Garantido trouxe à arena o tema “Garantido, Patrimônio do Povo”, com uma narrativa baseada nas matrizes populares, indígenas e afro-brasileiras. A segunda noite teve momentos de forte apelo emocional, como o Ritual Ajié (Item 4), conduzido pelo pajé Adriano Paquetá (Item 12).
Na terceira e última noite (29), o Caprichoso apresentou o tema “Kaá-eté – Retomada pela Vida”, destacando a lenda de Waurãga, a guardiã da floresta. A cunhã-poranga Marciele Albuquerque foi ovacionada pelo público ao surgir como parte da alegoria que representava os espíritos da mata, os Kãkãnemas.
O Garantido fechou o festival com o espetáculo “Garantido, Boi do Brasil”, celebrando a diversidade cultural brasileira e homenageando bois de todas as regiões do país. Um dos destaques foi a aparição da porta-estandarte Jevenny Mendonça, saindo do “coração do Brasil”, ao lado da sinhazinha Valentina Coimbra, que surgiu brincando de boi no centro da alegoria.